Lenise Collares Nogueira
Neuropsicóloga (psicóloga especialista em neuropsicologia pelo Conselho Federal de Psicologia - CFP), Especialista em Psicoterapia Cognitivo-comportamental pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), Mestre em Saúde e Comportamento pela Universidade Católica de Pelotas (UCPel).
A Neuropsicologia é uma especialidade da Psicologia (Conselho Federal de Psicologia, 2004) que estuda a relação entre o cérebro e o comportamento humano. Ela também pode ser descrita como a análise sistemática dos distúrbios de comportamento que se seguem a alterações da atividade cerebral normal, causadas por doenças, lesões, malformações ou simplesmente por déficits na estimulação de determinadas funções.
A avaliação neuropsicológica é uma investigação detalhada e objetiva das principais funções mentais: atenção, memória, linguagem, raciocínio lógico, planejamento, percepção visual, capacidade aritmética, etc. Para isto, são utilizados testes específicos, entrevistas, além de questionários e inventários. Ao lado dos avanços da neurocirurgia, da neurofisiologia e das técnicas de diagnóstico por neuroimagem, a avaliação busca clarificar a relação entre funcionamento cerebral e funções corticais.
No contexto de saúde mental, a avaliação neuropsicológica busca esclarecer a existência de alguma enfermidade orgânica que possa estar desencadeando a sintomatologia de um quadro específico, bem como a investigação de alterações funcionais e estruturais das funções cognitivas acarretadas por doenças psiquiátricas. Portanto, a avaliação neuropsicológica abrange objetivos como o diagnóstico diferencial e identificação do comprometimento das funções cognitivas.
As indicações do exame neuropsicológico incluem a avaliação e o acompanhamento de pacientes que apresentam demências (Alzheimer, Vascular); déficit de memória associado à idade; avaliação do déficit cognitivo pós Acidente Vascular Cerebral (AVC), Traumatismo Crânio-Encefálico (TCE), meningo-encefalites, intoxicações; déficit cognitivo associado ao consumo abusivo de álcool (demência Wernicke Korsakoff), associado ao uso de drogas (por exemplo, a cocaína), na epilepsia; deficiência mental; déficit atentivo no transtorno do déficit de atenção persistente; na avaliação de transtornos do aprendizado; e no diagnóstico diferencial (por exemplo, depressão versus demência).
O Exame Neuropsicológico também é freqüentemente utilizado em algumas situações legais. A primeira delas é a necessidade de se documentar de modo objetivo o estado mental alterado de um indivíduo com vistas à sua interdição (por senilidade, por retardo mental, por seqüelas de lesões cerebrais, etc.). A segunda é a necessidade de se documentar o estado mental preservado, para que se possa assegurar a validade de um testamento ou qualquer outro documento legal.
A partir da realização do diagnóstico, podem-se traçar estratégias terapêuticas, como a reabilitação neuropsicológica que consiste em um programa de exercícios e atividades com o objetivo de estimular regiões cerebrais para desenvolver e treinar habilidades cognitivas.