A ansiedade faz parte da existência humana. Caracteriza-se por uma sensação de perigo iminente, aliada a uma atitude de expectativa que provoca uma perturbação emocional que poderá vir acompanhada de manifestações somáticas (aceleração do rítimo cardíaco, respiração ofegante, sudorese, tremores e náuseas). De maneira geral a ansiedade serve como um sinalizador que nos prepara para enfrentar uma situação difícil ou perigosa. Porém quando este comportamento surge sem um estímulo que o justifique em razão e intensidade, pode estar se tornando sintoma de um transtorno psicológico.
Em crianças o transtorno de ansiedade pode aparecer como um estado de inquietude e temor permanente, apresentando fragilidade emocional diante das situações. São quase sempre crianças em constante estado de alerta, sobressaltadas e que geralmente apresentam concomitantemente, manifestações físicas: perturbações do sono, falta de apetite, problemas digestivos (dores abdominais, náuseas), sensação de sufocamento, tonturas, agitação ou tiques.
O transtorno de ansiedade na infância pode também assumir uma forma específica chamada Transtorno de Ansiedade de Separação, cuja característica essencial é a ansiedade excessiva envolvendo o afastamento de casa e/ou dos pais (ou pessoas importantes afetivamente para a criança).
As crianças que apresentam este transtorno podem experimentar sofrimento excessivo recorrente quando da separação de casa ou de figuras importantes de vinculação. Quando separadas destas pessoas freqüentemente precisam saber de seu paradeiro e sentem necessidade de permanecer em contato ( por exemplo através de telefonemas). Alguns indivíduos sentem saudade extrema e podem sentir-se doentes devido ao desconforto, se estão longe de casa.
Eles podem ansiar pelo retorno ao lar e fantasiar acerca do reencontro com a família. Ao serem separados das figuras principais de vinculação essas crianças freqüentemente abrigam receios de que acidentes ou doenças acometam os pais ou a elas próprias. Freqüentemente expressam um medo de se perderem e jamais reverem seus pais. Elas em geral sentem desconforto quando viajam independentemente para longe de casa, podendo evitar de ir a qualquer lugar sozinhas. Pode relutar ou recusar-se a comparecer à escola, visitar ou dormir em casa de amigos, ou sair para cumprir pequenas tarefas. Essas crianças podem ser incapazes de permanecer em um quarto sozinhas, podem exibir um comportamento “ adesivo “ e andar “ como uma sombra“ atrás dos pais pela casa.
As crianças com este transtorno, com freqüência tem dificuldades para dormir e podem insistir para que alguém permaneça a seu lado até adormecerem. Durante a noite podem ir à cama dos pais ou de um irmão. Também pode ter pesadelos cujo conteúdo expressa os temores do indivíduo (por exemplo: acidentes, catástrofes, violência contra a família ). Queixas somáticas, tais como dor abdominal, dor de cabeça, náusea e vômitos são comuns quando a separação dos pais ou figuras importantes, ocorrem ou é prevista.